O teatro auxilia a criança em vários aspectos, entre eles no crescimento pessoal e cultural. O Festival endossa esse fomento às artes cênicas como ferramenta de educação.
O teatro tem um poder transformador de interpretar histórias encantadoras e colocar mais poesia na vida. Pois explora a imaginação, leva entretenimento, informação e cultura, de uma forma divertida e prazerosa. Apesar disso, ainda são poucas as pessoas que presenciam esse tipo de arte. Diante dessa realidade, o Festival de Teatro do Tapajós tem dado a oportunidade para população santarena terem essa experiência ao democratizar o acesso às apresentações. Na noite deste domingo (10), crianças de duas comunidades do planalto assistiram a um espetáculo teatral pela primeira vez.
Elas chegaram cedo à Casa de Cultura, local onde acontece a programação do Festival, cerca de uma hora antes do início da apresentação. Um ônibus foi disponibilizado para essa aventura que levou 40 crianças das escolas Emilio Rabelo Gonçalves e José Joaquim Gonçalves, situadas na Comunidade Castela e Miritituba, respectivamente, a estarem no evento artístico. A primeira experiência ao assistir a uma peça foi com o espetáculo ‘Circo e Carimbó’, da CIA de ‘Circo Nós Tantos’, de Belém.
“Eu estou ansiosa. Não sei o que vai acontecer aqui”, disse Fabiele Cristina, de 12 anos.
Ao entrarem no auditório, e ficarem de frente para o palco, os olhos de cada um brilhava, quem observava percebia que o coração deles estava transbordando de emoção. A alegria dos pequenos também contagiou os adultos presentes; a casa estava lotada. Meninos e meninas que nunca saíram da localidade onde moram, e que agora já podem contar que presenciaram ao vivo os atores dando vida e brilho a uma história. Eles interagiram e se divertiram do começo ao fim.
A Isabele Oliveira, de 9 anos, da comunidade Castela, fez questão de dizer o que mais gostou depois que assistiu tudo. “Eu achei mais bacana ver um soldado que dança carimbó. Ele fez apitar e dançaram muito. Eu nunca vivi nada disso”, afirmou ela, que antes da apresentação disse que não queria dar entrevista e depois chamou a equipe da comunicação do evento, bem contente, para falar sobre o que viu.
De uma família com mãe, pai e mais dois irmãos, Elisa Santos, de 10 anos, ainda se adequando ao ambiente ‘diferente’ contou que ficou nervosa em ficar na frente dos artistas. “Eu gostei muito, não vou esquecer”, disse.
Mesmo como uma diversidade de pessoas presentes, não tinha como esses estudantes mirins, um tanto tímidos, com faixa etária de 6 a 13 anos de idade, deixarem de ser protagonistas na plateia. “Para nós é motivo de grande alegria poder recebê-lo no Festival para um momento tão especial na vida deles. Só de tê-los aqui o sentimento que fica é que o festival cumpre o seu papel social e cultural na comunidade”, disse Elder Aguiar, coordenador do evento.
A primeira vez no teatro também foi para Leuza da Silva, mãe do Ruam Luiz de 4 anos, moradora da comunidade do Castela, que veio acompanhando o grupo de estudantes. Ela é pedagoga e conta que nunca assistiu uma encenação teatral de perto. “Eu nunca tive a chance de assistir um espetáculo, isso é novidade pra mim que tenho 35 anos, mas graças a Deus não será para o meu filho, que já está vivenciando isso. Eu fico feliz e só tenho a agradecer”, disse ela.
Conheça os principais incentivadores dessa 1ª ida ao teatro
A iniciativa de trazer às crianças para consumir cultura partiu da 1ª Companhia de Polícia Ambiental (1ª CIPamb), com esforço do Major e Comandante da 1ª CIPAmb, Fernando Lima. Ele afirma que ainda são poucas as pessoas com acesso a esse tipo de arte. “Foi uma felicidade trazer as crianças do projeto para virem a casa da cultura, que é nossa, que é de Santarém. Importante terem esse contato, é a primeira vez que vem ao teatro, muito importante proporcionar esse momento para eles”, disse.
O convite foi feito a Simiclei Macambira, diretora das duas escolas, que aceitou de imediato. Ela organizou com a equipe dos educandários e com os pais a ida dos pequenos à cidade. De acordo com ela, todos estavam apreensivos e animados.
“Teve mãe que me ligou ontem dizendo que tinha criança que não queria nem dormir, pensando em vim pro Festival. Teve uma que desde às 10h da manhã tinha se arrumado”, detalhou.
Ela acrescentou ainda que esse momento proporcionou uma boa memória para eles e que despertou nela um sentimento de dever cumprido enquanto educadora. “Em pensar que nesse grupo, a maioria nunca saiu da comunidade. E proporcionar isso pra eles é muito gratificante. É uma atividade que nunca tiveram acesso, poderia fazer parte das nossas metodologias de ensino, que isso com certeza é um presente pra mim e mais ainda pra eles, fortalece esse processo de ensino aprendizagem” disse Simiclei.
Importância do teatro
O teatro auxilia a criança em vários aspectos, entre eles no crescimento pessoal e cultural, explora a imaginação, aprende a aceitar as diferenças e a desenvolver a autoconfiança. Além de despertar o desejo pelo conhecimento. Essa modalidade artística pode ser um canal direto de expressividade, trazendo cultura, criatividade e mensagens de valores essenciais para o desenvolvimento humano, que poderão levar para vida inteira, pois esses ensinamentos terão formatos, cores, coreografias e músicas que além de passar uma mensagem mais clara também irá estimular a imaginação dos pequenos.
Serviço: Idealizada pela dupla de fazedores de cultura de Santarém, Elizângela Dezincourt e Elder Aguiar, responsáveis pelo Grupo Olho D’água, o evento tem o patrocínio da Equatorial Energia Pará, por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O objetivo do FestTeatro é proporcionar experiências dos fazeres e saberes em uma verdadeira imersão artística, de encontros com a comunidade amazônica.
Ascom do FestTeatro
Texto: Natashia Santana
Fotografia: Júnior Aguiar