A CIA de ‘Circo Nós Tantos’, de Belém, esteve no Festival de Teatro do Tapajós com o espetáculo ‘Circo e Carimbó’ e levou para o público as batidas do ritmo paraense como protagonista da encenação. Yure Lee, Gabrielly Alcantara, Nielson Barros e Diego Alessandro contaram a história de dois ribeirinhos que chegam em Belém e vivenciam aventuras e dificuldades durante uma viagem de barco. No auditório da Casa da Cultura esteve presente 40 crianças de duas comunidades do planalto; elas nunca haviam assistido uma apresentação teatral.
Cheios de musicalidades do Pará, os atores levaram histórias com temas importantes como a proibição de ‘batuques’ determinados pelo Código de Postura de Belém da época colonial até o século XX, além de proporcionarem um momento de alegria e muita cultura paraense.
“Fala da relação do carimbó com a natureza através dos seus instrumentos, poesia e ao mesmo tempo a gente procura compartilhar nossa experiência com o público através da dança, da música e de histórias”, disse o ator Yure Lee.
Com casa lotada, o público dançou e riu bastante, o aposentado Rocker Oliveira, 59 anos, ainda entusiasmado com a apresentação disse que tem comparecido todas as noites do Festival e pretende continuar vindo até o encerramento do evento.
“Sempre gostei de manifestação cultural principalmente aqui no Norte. Eu moro em Santarém há 4 anos, vi os convites pela televisão e estou vindo todos os dias, gosto muito de teatro e estou adorando, pretendo vim as outras noites”, afirmou.
Crianças de comunidade Planalto assistem teatro pela 1ª vez
A noite foi ainda mais especial, pois teve a participação de 40 crianças das escolas Emílio Rabelo Gonçalves e José Joaquim Gonçalves, situadas na Comunidade Castela e Miritituba, respectivamente, do planalto santareno. Meninos e meninas que nunca saíram da localidade onde moram, mas que tiveram a oportunidade de sair e vir pela primeira vez ao centro de Santarém para assistirem a um espetáculo teatral.
Os olhinhos de cada um brilhavam, era visível a emoção dos pequenos. Eles interagiram e se divertiram do começo ao fim. De acordo com a diretora das escolas municipais, Simiclei Macambira, os alunos e os pais estavam ansiosos.
“Teve mãe que me ligou ontem dizendo que tinha criança que não queria nem dormir, pensando em vim pro Festival. Teve uma que desde às 10h da manhã tinha se arrumado”, detalhou.
Ela acrescentou ainda que ver no olhar das crianças a alegria e ainda saber que esse momento levou uma boa memória para eles despertou um sentimento de dever cumprido enquanto educadora. “Em pensa que nesse grupo, a maioria nunca saiu da comunidade. E proporcionar isso pra eles é muito gratificante. É uma atividade que nunca tiveram acesso, poderia fazer parte das nossas metodologias de ensino, que isso com certeza é um presente pra mim e mais ainda pra eles, fortalece esse processo de ensino aprendizagem” disse Simiclei.
Ainda tímidos, as crianças com faixa etária de 6 a 13 anos de idade, pouparam nas palavras, mas demonstraram no olhar ainda brilhando a alegria de fazerem parte desta noite.
De uma família com mãe, pai e mais dois irmãos, Elisa Santos, de 10 anos, ainda se adequando ao ambiente ‘diferente’ contou que ficou nervosa em ficar na frente dos artistas. “Eu gostei muito, não vou esquecer”, disse.
A iniciativa de trazer às crianças para consumir cultura partiu da 1ª Companhia de Polícia Ambiental (1ª CIPamb), com esforço do Major e Comandante da 1ª CIPAmb, Fernando Lima. Ele afirma que ainda são poucas as pessoas com acesso a esse tipo de arte. “Foi uma felicidade trazer as crianças do projeto para virem a casa da cultura, que é nossa, que é de Santarém. Importante terem esse contato, é a primeira vez que vem ao teatro, muito importante proporcionar esse momento para eles”, disse.
Serviço: Idealizada pela dupla de fazedores de cultura de Santarém, Elizângela Dezincourt e Elder Aguiar, responsáveis pelo Grupo Olho D’água, o evento tem o patrocínio da Equatorial Energia Pará, por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O objetivo do FestTeatro é proporcionar experiências dos fazeres e saberes em uma verdadeira imersão artística, de encontros com a comunidade amazônica.
Assessoria de Comunição do FestTeatro
Texto: Diene Moura – Jornalista
Revisão textual: Natashia Santana – Jornalista
Fotografia: Júnior Aguiar e Carlos Cristiano